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Writer's pictureRui Marques

Sair da ilha, para ver a ilha

Dizia Saramago que “é preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”. Este mês pego na experiência que tive ocasião de viver em Houston, na NASA, a propósito da futura exploração de Marte para vos desafiar a sairmos de nós, para nos percebermos melhor.


"Houston, temos um problema..."


Quando vem à memória a palavra “Houston”, de imediato salta essa frase batida - “Houston, temos um problema..” - que ouvimos e repetimos quando estamos num contexto crítico.



Ao chegar a esta cidade do Texas, conhecida pela sua ligação à dinâmica aeroespacial da NASA, não podia deixar de começar por aí. Vale a pena recordar a historia original. No lançamento da Apollo 13, em 1970, no 2° dia de viagem, dia 13 de abril, registou-se uma explosão num tanque de oxigénio o que obrigava a abortar de imediato a missão. A tripulação teve de se alojar no módulo lunar, que seria usado para pousar na Lua, e desligar-se da restante estrutura. Sem combustível e com suprimentos - nomeadamente oxigénio e água - para apenas 36 horas, colocava-se o desafio quase impossível de sobreviver.


Aí entra Houston, enquanto centro de controle da operação. Havia que tentar salvar a tripulação. Numa dinâmica notável de conhecimento científico, determinação e solidariedade (não deixar ninguém para trás), uma equipa de engenheiros tenta construir uma solução de sobrevivência e vai dando indicações aos três astronautas. Seguem-se quatro dias de alto stress e muita genialidade. E a beleza da colaboração e da ética do cuidado a funcionar em pleno. Finalmente, no dia 17 de abril, o módulo lunar mergulha no Oceano Pacífico e a tripulação é salva, depois de 96 horas de crise.


O que liga esta história à minha missão?

  1. Só nos salvamos juntos. Precisamos dos outros para fazer face aos maiores perigos e desafios “impossíveis”. “Houston temos um problema”, foi a primeira frase que abriu a via para o melhor de nós.

  2. A maravilha do génio humano. Como dizia Jane Goodall no seu livro sobre a Esperança, esta é uma das principais razões de esperança. Quando accionamos, individual e colectivamente, todo nosso potencial, o resultado é impressionante. Aqueles engenheiros de Houston, conjuntamente com os astronautas, conseguiram engendrar soluções para o que parecia ser impossível.

  3. A força e a fraqueza da ciência e da tecnologia. Algo falhou naquela explosão. Como se vai repetindo noutras circunstâncias, nunca temos um modelo perfeito e os erros fazem parte do caminho. A crise do programa espacial americano radica muito aí, com uma hesitação sobre o caminho a seguir. Por outro lado, foi a fortíssima capacidade científica de quem estava em Houston, com uma capacidade somada de imaginação e criatividade, que lhes permitiu criar uma solução para o problema inesperado. Sem o conhecimento científico que detinham teria sido impossível.


🔍 Sugestões para explorações adicionais:


  • Se quiser algo mais sofisticado e real tem este vídeo da NASA (inglês):


  • Finalmente, tem sempre o filme Apollo 13, com Tom Hanks para uma versão mais lúdica:



Que pode ter a ver a Academia de Líderes Ubuntu com a exploração de Marte?


A missão a Houston, no âmbito da colaboração com a Virtual Educa e o seu projeto Marte 2023, como o envolvimento de várias universidades da América Latina e da NASA, colocou-me várias questões muito interessantes. A primeira delas, foi tentar perceber melhor o que está em jogo na exploração de Marte e na possibilidade de ter missões tripuladas e, eventualmente, um dia, poder ter estações espaciais no planeta vermelho.



Embora ainda pareça hoje uma abordagem na âmbito da ficção científica, na verdade pode vir a constituir uma realidade num horizonte não muito longínquo. Nesse contexto, faz sentido pensar o que implicará essa missão, nomeadamente na dimensão dos fatores humanos.


No âmbito deste projeto de trabalho prospetivo, coloca-se com grande destaque a questão do factor humano que será decisivo. Esta missão a Marte terá uma exigência muito maior do que qualquer outra experiência espacial. Desde logo a duração da viagem, em si mesmo, será, no mínimo, um ano e meio, com uma tripulação que terá que coabitar o mesmo espaço (pequeno) durante esse tempo, com todas as condicionantes, desde o efeito dos raios cósmicos, à ausência de gravidade, às questões de alimentação e acesso a água. Nas relações interpessoais, colocam-se questões como o impacto do isolamento social e emocional, do stress e dos conflitos interpessoais, da falta de privacidade ou das limitações de comunicação (cada mensagem demorará entre 3 a 21 min a chegar à Terra).


Para esses desafios, a NASA tem o seu departamento Human Factors & Behavioral Performance que procura soluções.


Trabalha por exemplo, os Expedicionary Skills (Self-Care / Team-Care; Leadership/Followship; Cultural Competency; Team Work) como elementos essenciais. Porém, talvez se pudessem juntar mais algumas peças.


É nesta linha que os cinco pilares do método Ubuntu (Autoconhecimento, Autoconfiança, Resiliência, Empatia e Serviço) podem ser equacionados enquanto parte da preparação necessária para esse futuro. Desde logo, por nos proporcionarem nesse contexto extremo, uma verdadeira educação para a interdependência.


Mas há mais. Por exemplo, para fazer face aos desafios associados ao isolamento e ao confinamento, ao stress e à ansiedade, ou ainda às dificuldades de comunicação geradas nas tripulações, será muito útil o que possam ter aprendido sobre Autoconhecimento. Por outro lado, a Autoconfiança ajudá-los-á não só a enfrentar não só estas ameaças mas também na necessária tomada de decisões, a adaptação à mudança ou a resolução de problemas num contexto muito hostil.


Quando chegamos ao terceiro pilar, à Resiliência, estaremos provavelmente no mais óbvio. Como resposta aos problemas anteriormente referidos mas também para fazer face a riscos de saúde. Também para enfrentar os desafios de uma comunicação efetiva, resolução de conflitos, adaptação cultural ou da convivência num espaço fechado, a Empatia será essencial.


Finalmente, o sentido de serviço Ubuntu constituirá uma competência fundamental para que possam trabalhar em equipa, manter a motivação, priorizar o bem estar do grupo ou ainda contribuir para o bem comum.


Percebe-se assim que a ligação entre a metodologia Ubuntu e os desafios de Marte tem tantas potencialidades. Na verdade, onde existam pessoas, o Ubuntu faz sentido.



Não tenham medo!


No ecossistema da conquista espacial o papel do/as astronautas é central, concentrando neles todas as luzes e toda a curiosidade. Claro que não são mais do que uma peça de um imenso puzzle, dependentes de tantos outros profissionais que os treinam, os suportam e lhes proporcionam as condições necessárias para que o seu trabalho resulte.



Por estes dias na NASA, são recorrentes as referências a muitos deles, quer os que foram os pioneiros na chegada à Lua (Neil Armstrong e Edwin Buzz Aldrin), quer os que perderam a vida nos desastres, por exemplo, com o Space Shuttle (com a Challenger, em 1983, e a Columbia, em 2003).


Entre todos, resolvi escolher um dos mais conhecidos, Chris Hadfield, pois abre-nos pistas interessantes de reflexão. De origem canadiana, treinou na NASA e participou em três missões espaciais, sendo a primeira em 1995 e a última em 2012, na qual comandou a expedição 35, na Estação Espacial Internacional.


Proponho-vos três peças de Hadfield que talvez vos possam inspirar.


Com a sua comunicação “O que aprendi ao ficar cego no espaço”, num Ted Talk, com 9,6 milhões de visualizações, leva-nos através das suas histórias a um desafio de superação dos nossos medos, até a um determinado “no fear!”. Vale a pena ver.


Mas uma das curiosidades mais originais associadas a Chris Hadfield é a sua interpretação no espaço, na Estação Espacial Internacional, da música de David Bowie, “Space Oddity”, de 1969, que conta a história fictícia de um astronauta chamado Tom, que se perde no espaço e reflete sobre a sua morte eminente. Chris adaptou a letra, ajustando-a à sua realidade e dando-lhe um desfecho menos trágico, abrindo-a a um horizonte de esperança.


Finalmente, um outro recurso que está ao seu alcance é o um dos seus livros, o “Guia de um Astronauta para viver bem na Terra”. Deixo-vos um excerto sobre o que significa “atitude” no contexto espacial :

“No voo espacial, «atitude» refere-se a orientação: a direção em que o nosso veículo está apontado em relação ao Sol, à Terra e a outras naves. Se perdermos o controlo da nossa atitude, acontecem duas coisas: o veículo começa a tombar e girar, desorientando toda a gente a bordo, e desvia-se do seu curso, o que, com falta de tempo ou de combustível, pode ser a diferença entre a vida e a morte. Na Soyuz, por exemplo, usamos todas as informações de todas as fontes disponíveis - periscópio, vários sensores, o horizonte - para vigiar constantemente a nossa atitude e fazer ajustes, se necessário. Nunca queremos perder atitude, uma vez que a manutenção desta é fundamental para o sucesso. Na minha experiência, acontece algo semelhante na Terra. Em última análise, eu não determino se chego ao meu destino profissional desejado. Há muitas variáveis fora do meu controlo. Existe apenas uma coisa que posso controlar: a minha atitude durante a viagem, que é o que me mantém equilibrado e estável, e a avançar na direção certa. Desta forma, vigio conscientemente e corrijo, se necessário, porque perder atitude seria muito pior do que não atingir o meu objetivo.”


A beleza de uma escrita de viagem para fora da ilha


Conheço o Miguel Justino há muitos anos. Trabalhámos juntos no ACIME e desenvolvemos uma boa amizade. Nos últimos anos, a vida levou-nos por caminhos diferentes. As redes sociais, porém, também fazem maravilhas (quando bem usadas) e, tem sido nelas que tenho descoberto um talento notável, que não conhecia bem, neste meu amigo. Às vezes, precisamos de estar mais longe para ver algumas coisas que de perto não se vislumbram.



O talento do Miguel Justino para a arquitectura das palavras e para a estética das fotografias faz dele um autor a seguir com atenção. Enquanto não sai o seu primeiro livro que todos esperamos, pode ir seguindo na sua página de Facebook pequenos excertos de inspiração certa, como este:


“Para onde vais tu, Norbu? O mundo está cheio de aeroportos e gente que precisa urgentemente de viajar. Podemos levantar voo em cada esquina, basta um cartão com crédito, o desejo e algumas formalidades mundanas. Eu acabo de entrar num e fui atacado por uma súbita amnésia. Não me recordo onde estou. Devo preocupar-me? Não. É indiferente, este é igual ao outro. Tenho de esperar e já decidi o próximo passo, vou sentar-me a comer um pão com lascas de salmão de viveiro, fumado, que acabei de comprar num quiosque, alma gémea daquele que vi em Lisboa. A sandes é linda, tem sementes coladas na sua pele dourada, e as lascas pendem para fora, assentes numa folha verde, visivelmente fresca e suculenta, mas devidamente barrada com um molho cocktail, tal e qual a alma gémea que conheci e provei em Lisboa. Dá gosto por-lhes as mãos, a forma e o makeup fazem-me corar, são de uma sensualidade que suscita desejos. Trinco com suavidade. O sabor da expectativa é sempre melhor do que a dentada na desilusão. Não se pode dizer que sabe a mar ou a rio, traz no paladar um gosto internacional, a frescura da costa de Alesund, na Noruega, onde nadava, derreteu-se na maionese francesa. Viajar criou um mundo infinito de novas identidades. Já pouco sabe ao que sabia. Entretanto inventaram o botox, e também já ninguém se quer parecer como pareceria. Os olhos também comem. A crua verdade é que praticamente ninguém padece de comida insossa, se excluirmos a turba dos puristas. Graças aos aeroportos a pera abacate tem o visto de migrante, venceu o peso da geografia, a rudeza imprópria da sazonalidade, e faz hoje parte do cardápio do pequeno almoço da geração europeia vegan, culta e civilizada, defensora dos mais elevados padrões de sustentabilidade. O absentismo crítico, as modas, o Instagram, o destempero, a ganância e a iniquidade são vírus letais, mas quem quiser que atire a primeira pedra, que eu gosto de abacate. O meu voo está atrasado. O aeroporto é um destilador de ansiedade. À minha frente o desfile é contínuo: famílias, corporações, cores, castas, clubes e tribos, gente e mais gente à espera de levantar céu adentro. Por aqui nada de novo. Os destinos repetem-se no ecrã gigante com a mesma monotonia mecânica que padecem 99% das vidas. Estranhamente o contentamento é generalizado, talvez porque voar alimente um sonho que vive e nos embala até ao despertar. Esfregando as pupilas, um aeroporto é a roda oleada dos hámsteres. Terminei a sandes de salmão em boa hora. No altifalante irrompe uma voz distinta e doce a anunciar: senhoras e senhores, para todos aqueles que acreditam poder alcançar o inalcançável, dentro de momentos vai partir um avião sem destino, o seu nome é Norbu, que significa jóia. São todos nossos convidados, sendo apenas proibido perguntar: para onde voas tu, Norbu? A estupefação está estampada. Ninguém se mexe. Nem um pio, nem um passo. Eu despertei da amnésia, já sei para onde vou!" Miguel Justino, in Diários da Minha Viagem
Fotografia: Miguel Justino

Estar na encruzilhada


Um dos momentos em que beneficiamos com um olhar de fora é cada vez que nos encontramos numa encruzilhada. Para isso há um modelo, proposto no O livro das decisões”, de Mikael Krogerus e Roman Tschappeler (obra que sugiro faça parte da sua biblioteca de uso regular).



“Todos temos momentos na vida em que nos encontramos numa encruzilhada e nos perguntamos: «E agora, para onde vou?”. O modelo da encruzilhada ajuda-nos a encontrar o nosso caminho na vida. Preencha o modelo com base nas questões seguintes:


Donde vem?

Como se tornou na pessoa que é? Quais foram as principais decisões, acontecimentos e obstáculos na sua vida e quem foram as suas principais influências? Pense na sua educação, na sua casa e no local onde cresceu. Tome nota das palavras que lhe parecerem importantes.


O que é realmente importante para si?

Anote as primeiras três coisas que lhe venham à mente. Não tem de entrar em pormenores nem ser específico. Quais são os seus valores? Em que acredita? Quais são os princípios importantes para si? Quando tudo falha, o que sobra?


Que pessoas são importantes para si?

Aqui deve pensar nas pessoas cuja opinião valoriza e que influenciam as suas decisões, bem como nas que são afetadas pelas suas decisões. Pense também nas pessoas de que gosta e nas que teme.


O que o está a impedir?

Que aspetos da sua vida o inibem de pensar nas coisas realmente importantes? Que prazos tem na cabeça e o que o está a impedir? O que tem de fazer e quando?


De que tem medo?

Faca uma lista das coisas, das circunstâncias ou das pessoas que o deixam preocupado e lhe retiram força.


Olhe para as suas notas. O que falta? Que problemas surgiram? Será que as palavras que escreveu contam a história de como se tornou na pessoa que é hoje? Se necessário, registe mais palavras e questões.


Agora, olhe para os caminhos à sua frente. Damos-lhe seis exemplos. Imagine cada um deles:

  1. O caminho que já percorri.

  2. O caminho que me acena - o que sempre quis tentar?

  3. O caminho que imagino nos meus sonhos mais loucos, independentemente de ser alcançável ou não - com que sonha?

  4. O caminho que me parece mais sensato, o que as pessoas cuja opinião valorizo me sugeririam.

  5. O caminho não frequentado - aquele em que nunca pensou antes.

  6. O caminho de regresso ao lugar onde me senti em segurança."


Raku, outra forma de beleza imperfeita


Já há anos que fui descobrindo a beleza misteriosa da arte japonesa, com particular atenção para o wabi-sabi, enquanto corrente filosófica que influencia uma das expressões mais interessantes , o Kintsugi (fica para um próximo post o aprofundamento deste filão), para descobrir o lado extraordinário da imperfeição. Desta vez tive a possibilidade de conhecer uma outra expressão: o Raku.



Na minha expedição por terras catalãs, com os meus amigos do Instituto Relacional, pude experimentar esta técnica decorativa que remonta às civilizações japonesa e chinesa. Com Pere Anton, sábio destas artes na sua Can Julia, pude experimentar esse cerimonial, com a pintura e a esmaltagem de uma peça única que, associada à cerimónia do chá, nos mostra a beleza da sua imperfeição. Rugosa e cheia de “defeitos”, acolhe o esmalte e a cor, traçada ao sabor do impulso, sem modelo, nem pré-determinação. Raku quer dizer “conforto”, “fácil”, “divertimento” e alguns situam a sua origem em Kyoto, no mandato de Toyotomi Hideyoshi (1537-1598), introduzido por Sen no Rikyū.

(Imagens desde a peça inicial, à sua esmaltagem e pintura, a sua ida ao forno de 1000º graus e, finalmente, o que resultou)



Quando a generosidade salva muitas vidas


Todos nós já temos quase automatizado o gesto de colocar o cinto de segurança, ao entrar no carro. Esta será provavelmente a peça que mais vidas salvou nas últimas décadas, sendo o seu impacto à escala global difícil de medir.



Vale a pena regressar à história da sua invenção. Esta é atribuída ao engenheiro e inventor sueco, Nils Ivar Bohlin, que patenteou o cinto de segurança de três pontos de apoio (que sucedeu ao que só oferecia dois pontos e tinha efeito reduzido em termos de segurança), em julho de 1962.


Este objecto pretendia “proporcionar um cinto de segurança que, independentemente da força do assento e da sua conexão com o veículo, de uma forma efectiva e fisiologicamente favorável, retenha quer a parte superior, quer a parte inferior do corpo da pessoa, contra a ação das forças que a impelem para a frente e que tenha fácil abertura e fecho”.


Bohlin trabalhava para a Volvo e esta sua invenção representou um progresso notável na segurança rodoviária. O extraordinário porém foi ter decidido, conjuntamente com a empresa para a qual trabalhava, ceder gratuitamente esta patente a todos os construtores de automóveis e, com esse gesto, provavelmente salvar milhões de vidas.


Desde que conheci esta história, faço uma vénia cada vez que coloco o cinto.



Uma questão de perspetiva - vermos para além do que estamos a ver


Encaixa que nem uma luva no tema deste mês - Sair da ilha, para ver a ilha - a questão da perspetiva. PJ Milani é um excelente mestre que, através da ilustração, nos ajuda a compreender conceitos relevantes. A consequência da perspetiva é um deles.



1️⃣ Escolha dimensões diferentes do mesmo objecto e poderá criar a perspetiva de profundidade. A distância entre os objectos fica tanto mais curta quanto mais afastados estão.


2️⃣Independentemente do tamanho do objecto, os que estão posicionados em cima parecem estar atrás e os que estão posicionados em baixo parecem estar à frente.


3️⃣ As sombras podem dizer-nos muito sobre como se situa o objecto no seu contexto.


Contudo, à questão da perspetiva soma-se também a necessidade de aprender a ver a partir de vários pontos de vista e de ver tudo até ao fim, sem pressas.


Este anúncio do The Guardian foi emitido em 1986 e chamava a atenção para a importância de dar as notícias completas para não enganar/manipular o leitor. Quase sempre decorre do ponto de vista, a resposta que damos a um “facto”.


Finalmente ainda a propósito das diferentes perspectivas e vários pontos de vista, aproveito para recuperar um dos álbuns notáveis de Leonard Cohen, o "Various Positions", que alguns interpretam como sendo uma referência às diferentes posições emocionais e espirituais que as músicas do álbum exploram. O título foi inspirado numa frase que Cohen usou numa entrevista, na qual disse que estava "em várias posições ao mesmo tempo".


O álbum foi lançado em dezembro de 1984 e inclui algumas das canções mais icónicas de Cohen, como "Dance Me to the End of Love", "Hallelujah" e "If It Be Your Will". As músicas abordam temas como amor, morte, espiritualidade e redenção, explorando diferentes perspectivas e pontos de vista.


Proponho-vos uma interpretação ao vivo de “If it be your will" que nos deixou num dos seus últimos concertos, em Londres, em que depois de declamar alguns dos versos do poema, sai de cena, passando a ter uma outra perspetiva da sua música, como quem vê/ouve de fora… talvez para perceber melhor a sua “ilha”.


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